O que são Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria?

Por Josélia Martins - 10/05/2024 as 13:49

1. Introdução

No intrincado mundo do Direito, cada papel, cada assinatura, e cada ato têm uma importância crucial. Entre os bastidores do sistema judicial, o escrivão ou chefe de secretaria desempenha um papel fundamental na condução dos processos. Seus atos não só garantem a ordem e a eficiência dos procedimentos legais, mas também são essenciais para a garantia dos direitos das partes envolvidas. Neste artigo, exploraremos detalhadamente os atos do escrivão ou chefe de secretaria, desde a autuação até a conclusão do processo, com base nos dispositivos do Código de Processo Civil (CPC), na visão de renomados juristas como Nogueira, e no Enunciado 299 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC).

2. Autuação, Numeração e Rubrica das Folhas dos Autos

A autuação de um processo marca o seu nascimento no âmbito judicial. O escrivão ou chefe de secretaria é responsável por atribuir um número único a cada processo, garantindo sua identificação e rastreabilidade. Esse número, muitas vezes, é a chave para acessar todo o histórico do caso. Além disso, as folhas dos autos são numeradas sequencialmente e rubricadas pelo servidor responsável, assegurando a integridade e a autenticidade do conjunto documental.

De acordo com o artigo 106 do CPC, a autuação é realizada mediante a juntada aos autos de petição inicial ou de documento que os acompanhe, seguida da atribuição de um número de ordem.

3. Termo de Juntada, Vista e Conclusão

Ao longo do processo, novos documentos são adicionados aos autos, seja por iniciativa das partes ou por determinação judicial. O termo de juntada é o instrumento pelo qual o escrivão ou chefe de secretaria formaliza a inserção desses documentos no processo, garantindo sua integração ao conjunto probatório.

A vista dos autos é um direito das partes e de seus advogados, permitindo-lhes examinar o andamento do processo e tomar conhecimento das decisões proferidas. O escrivão ou chefe de secretaria deve assegurar que a vista seja concedida de forma integral e tempestiva, conforme preconiza o artigo 396 do CPC.

Por fim, a conclusão do processo é o momento em que o escrivão ou chefe de secretaria encerra sua tramitação, elaborando o respectivo termo. Esse ato marca o fim da fase de instrução e prepara o processo para julgamento.

4. Métodos de Registro dos Atos Processuais

A modernização dos sistemas judiciais tem levado à adoção de métodos eletrônicos de registro dos atos processuais, visando à celeridade e à segurança dos procedimentos. O escrivão ou chefe de secretaria deve dominar essas ferramentas, garantindo a correta inserção e gerenciamento das informações nos sistemas informatizados.

No entanto, mesmo com a digitalização, é essencial que sejam mantidos registros físicos adequados, especialmente em casos de eventual falha nos sistemas eletrônicos ou impugnação da validade das informações digitais.

5. Formalidades Materiais dos Atos e Termos Processuais

As formalidades materiais dos atos e termos processuais são requisitos essenciais para sua validade e eficácia. O escrivão ou chefe de secretaria deve observar cuidadosamente tais formalidades, evitando vícios que possam comprometer a regularidade do processo.

O artigo 282 do CPC estabelece que os atos processuais devem ser praticados com observância de todas as formalidades legais, sob pena de nulidade. Nesse sentido, é imprescindível que o servidor responsável esteja familiarizado com as disposições legais pertinentes e assegure sua aplicação rigorosa.

6. Conclusão

Os atos do escrivão ou chefe de secretaria são pilares fundamentais da administração da justiça, garantindo a regularidade e a eficiência dos procedimentos legais. Desde a autuação até a conclusão do processo, esses profissionais desempenham um papel crucial na condução dos casos, observando as formalidades exigidas pela lei e assegurando o respeito aos direitos das partes envolvidas.

Dominar os aspectos práticos e teóricos relacionados aos atos do escrivão ou chefe de secretaria é essencial para o bom desempenho das funções judiciais. Portanto, cabe aos profissionais da área jurídica buscar constantemente aprimoramento e atualização, visando oferecer um serviço de qualidade e contribuir para a efetividade do sistema de justiça como um todo.