Constituição em Sentido Substancial: Origem, Competências Estatais e Direitos Fundamentais

Por Josélia Martins - 27/04/2024 as 16:33

A Constituição é um conceito fundamental no direito e na política, desempenhando um papel crucial na organização do Estado e na proteção dos direitos fundamentais dos cidadãos. Neste artigo, exploraremos a Constituição em sentido substancial, também conhecida como Constituição material, e sua importância na definição das competências entre os órgãos do Estado e na garantia das posições fundamentais das pessoas perante o poder público. Além disso, relacionaremos esses conceitos à obra de Konrad Hesse, um dos pensadores mais influentes no campo do direito constitucional.

 

Origem da Constituição em Sentido Substancial

A Constituição em sentido substancial, muitas vezes referida como Constituição material, vai além da mera análise da forma e da estrutura das leis fundamentais de um Estado. Ela se concentra na substância das normas constitucionais, especialmente naquelas que definem as competências dos órgãos do Estado e garantem os direitos fundamentais dos cidadãos. A origem desse conceito remonta à evolução do pensamento constitucional.

No decorrer da história, as Constituições passaram de documentos meramente formais para declarações substanciais dos princípios e valores fundamentais de uma nação. Esse processo foi influenciado por eventos como a Revolução Francesa e a elaboração da Constituição dos Estados Unidos. Konrad Hesse, em sua obra "A Força Normativa da Constituição" (Die Normative Kraft der Verfassung), desempenhou um papel significativo na promoção da ideia de Constituição em sentido substancial.

 

Konrad Hesse e a Constituição em Sentido Substancial

Konrad Hesse, jurista alemão do século XX, é amplamente reconhecido como um dos pensadores mais influentes no campo do direito constitucional. Em sua obra, Hesse argumenta que a Constituição não deve ser vista apenas como um documento estático, mas como um conjunto de normas que possuem uma "força normativa" sobre o Estado e a sociedade.

Hesse enfatiza que a Constituição em sentido substancial é mais do que um mero conjunto de regras; ela é a expressão dos valores e princípios fundamentais de uma sociedade. Esses valores orientam a ação dos órgãos do Estado e estabelecem os limites do exercício do poder público. Portanto, a Constituição em sentido substancial é essencial para garantir a legitimidade e a justiça das ações estatais.

 

Competências entre os Órgãos do Estado

Uma das principais funções da Constituição em sentido substancial é a definição das competências entre os órgãos do Estado. Isso significa que a Constituição estabelece quais poderes são atribuídos a cada ramo do governo (Legislativo, Executivo e Judiciário) e como eles devem operar em conjunto.

Essa divisão de competências visa a evitar a concentração excessiva de poder em um único órgão e a garantir um sistema de freios e contrapesos que promova a responsabilidade e a transparência do governo. Além disso, a Constituição em sentido substancial frequentemente estabelece procedimentos para resolver conflitos entre os órgãos do Estado, garantindo assim a estabilidade e o funcionamento eficiente do sistema político.

 

Direitos Fundamentais e Proteção das Pessoas

Outro aspecto crucial da Constituição em sentido substancial é a proteção dos direitos fundamentais das pessoas perante o poder público. Esses direitos são fundamentais para a preservação da dignidade humana, da liberdade e da igualdade.

A Constituição material garante que o Estado respeite e proteja esses direitos, e estabelece mecanismos legais para que os cidadãos possam recorrer à justiça em caso de violação de seus direitos. Além disso, as normas constitucionais estabelecem limites ao poder estatal, garantindo que as políticas governamentais estejam de acordo com os princípios fundamentais da justiça e da equidade.

Saiba mais em: https://direitoreal.com.br/artigos/o-estado-de-coisas-inconstitucional-um-novo-conceito

 

Conclusão

A Constituição em sentido substancial, ou material, desempenha um papel fundamental na organização do Estado e na proteção dos direitos fundamentais das pessoas. Ela é mais do que um documento legal; é a expressão dos valores e princípios fundamentais de uma sociedade. A obra de Konrad Hesse destacou a importância da "força normativa" da Constituição, influenciando o pensamento constitucional em todo o mundo.

A Constituição em sentido substancial define as competências dos órgãos do Estado e garante que os direitos fundamentais sejam respeitados. Ela desempenha um papel crucial na promoção da justiça, na preservação da democracia e na proteção das liberdades individuais. Portanto, compreender a Constituição em sentido substancial é essencial para aqueles que desejam explorar as complexidades do direito constitucional e da teoria política.