As Ameaças Para os Oceanos

Por Leonice Cober Lopes - 27/04/2024 as 15:18

As ameaças para os oceanos é um tema muito importante que merece nossa total atenção, pois trata da preservação da vida em nosso planeta. 

Diante deste artigo, temos por objetivo explicitar as principais ameaças aos nossos oceanos e como estas ameaças afetam a biodiversidade incluindo a nós seres humanos enquanto espécie. 

Vamos tratar do aquecimento global e suas consequências, como as mudanças climáticas, elevação do nível dos mares e oceanos.

Trataremos ainda das fontes de poluição dos oceanos, como as terrestres, as decorrentes de atividades exercidas nos oceanos e das atmosféricas, pois como o ser humano é responsável por estes tipos de poluição, necessário se faz mencionar as mesmas e suas consequências maléficas para o planeta.

Ainda, trataremos das técnicas de pesca e a sobrepesca como uma grande ameaça aos oceanos, pois os cardumes são capturados muito antes da época apropriada, ainda, mencionaremos estudos que parece saída das páginas de apocalipse, o último livro da bíblia que retrata o fim dos tempos, mas ao invés de monstros com várias cabeças o que vemos são holdings, no lugar de bestas que surgem do mar há megacorporações, e ao invés de sete selos temos a OPEP, uma instituição com pouca força política e ainda, baixa propensão de mudarmos nosso hábitos comportamentais estamos mesmo destinados ao armagedom.

Lembrando que o tema deste estudo é explicitar quais as grandes ameaças aos oceanos, suas causas, consequências, e, ainda, iremos apresentar a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que estabelece alguns deveres e obrigações aos Estados, quando se trata de exploração e conservação dos recursos marinhos, das atividades exercidas no meio marinho, e sobretudo, que nós, enquanto espécie, somos os responsáveis diretos por todas essas ameaças. 

As Ameaças Para os Oceanos 

Atualmente, o planeta vem se modificando devido às desenfreadas ações humanas, pois o ser humano se tornou uma força com poder de transformação global, uma entidade com poder geoformador.

A forma mais explícita que observamos neste fenômeno acontecendo é o aquecimento global, que provoca modificações drásticas no clima do planeta terra. Destacaremos as diversas formas que o aumento da concentração dos gases de efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono CO2, pode ameaçar os oceanos e suas relações com o ser humano dos pontos de vista econômicos, sociais e enquanto espécie e parte de um bioma.

Para entendermos melhor como acontece este fenômeno natural que vem se intensificando pela atividade humana, destacamos os gases de efeito estufa, mas afinal, o que são estes gases e por que eles causam o efeito estufa? 

Os principais gases de efeito estufa são o vapor da água, o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), além de outros, estes são ditos gases de efeito estufa, pois tem uma capacidade de retenção de calor na atmosfera bem superior aos demais gases presentes nesta, eles não permitem que o calor absorvido pela terra enviado pelo sol seja refletido para o espaço retendo o calor em nossa atmosfera e sendo posteriormente passado para os continentes e oceanos.

A temperatura do nosso planeta é diretamente proporcional à quantidade destes gases presentes na atmosfera, quanto maior a concentração, maior será a retenção de calor. Estudos indicam que se o planeta terra não possuísse atmosfera, a temperatura média do planeta seria de -18Co, ou seja, precisamos deste gases para ter uma temperatura que propicie a vida em nosso planeta. Contudo, esses gases já tinham entrado num ciclo natural de aumento e recuo de sua concentração em nossa atmosfera, nunca ultrapassando nos últimos 800 mil anos a marca de 400ppm. Como podemos verificar no gráfico seguinte com medidas destas concentrações obtidas a partir de bolhas de ar presas no gelo nos possibilitando estudar a nossa atmosfera na época em que a bolha foi aprisionada pelo gelo.

 

No entanto, a partir da revolução industrial, por volta de 200 anos atrás, o homem passou a inserir estes gases artificialmente na nossa atmosfera, promovendo um aumento de concentração dos gases de efeito estufa.

O site ecycle, publicou neste ano uma recente pesquisa sobre o tema: “Em abril de 2020, “a concentração média de CO2 na atmosfera era de 416,21 partes por milhão (ppm), a mais alta desde o início das medições, que começaram em 1958, no Havaí. Além disso, registros do núcleo de gelo indicam que é a primeira vez que vemos esses níveis nos últimos 800.000 anos”.

Estes gases são oriundos principalmente da queima de combustíveis fósseis, do desmatamento, da atividade pecuária, além de processos industriais que não promovem o controle desta emissões, pois com o aumento da temperatura terrestre, também aumenta a temperatura marítima, os mares são responsáveis pela absorção de mais de 80% do calor irradiado pelos gases de efeito estufa.

Segundo um relatório do IPCC criado pelas Nações Unidas, a temperatura global já atingiu 1°C acima do nível pré-industrial, o que provoca o aumento na acidez da água e, a diminuição do oxigênio, além da diminuição na produção de recursos, principalmente os recursos marinhos. 

Desta forma, vários países vêm unindo esforços a fim de mitigar estes danos, a exemplo desta iniciativa, encontramos na União Européia que vem propondo novas metas a serem cumpridas pelos seus países parceiros a fim de promover um controle maior nas alterações climáticas. 

Em seu discurso, a Presidente da Comissão Europeia Ursula Von Der Leyen, demonstra grande preocupação com as alterações climáticas globais, e, em 2019, reafirmando em seu discurso em setembro de 2020, refere-se ao combate às alterações climáticas como estratégia para o crescimento sustentável, e entende que quanto mais depressa entendermos isso e tomarmos uma atitude positiva, melhor será para todos os cidadãos.

Diante destes últimos acontecimentos, vamos apontar alguns dos impactos provocados pelo aumento da concentração destes gases e como ameaçam os oceanos atualmente.

Dentre as consequências mais devastadoras, está o próprio aquecimento dos oceanos, que, como dito anteriormente, é o maior absorvedor do calor irradiado. 

Atualmente, o aquecimento dos oceanos tem como consequências principais, a morte de muitos ecossistemas marinhos, além de promover o aumento do nível do mar, mudanças na salinidade, oxigenação e estratificação das massas de água, o que causa desequilíbrio ecológico e prejuízo à biodiversidade. Além disso, colocam em risco a segurança alimentar, política e social de 80% da população humana que vive em cidades costeiras. 

Mas a principal consequência deste aumento da temperatura dos oceanos, a que mais diretamente visível aos seres humanos, é a intensificação dos efeitos climáticos, como ciclones, tufões, precipitações e descargas elétricas.

Essas intensificações ocorrem pois, com o aumento da temperatura, há mais energia nos sistemas que formam tais fenômenos, há mais evaporação, logo maiores precipitações. Ainda, ocorrerá uma tendência a intensificar a ocorrência de grandes catástrofes como ciclones e tornados (tufões – furacões). Isso ocorre pois estes fenômenos são formados quando massas de ar quente encontram massas de ar frio, com maiores massas de vapor d’água, devido à maior evaporação nos oceanos devido a temperaturas maiores, com maiores quantidades de calor acumulado é fácil perceber que ocorrerá uma intensificação dos efeitos que tem estes fatores intensificados como geradores.

Em português claro, chuvas mais intensas, ventos mais fortes, onde chove, choverá mais e onde é seco mais seco ficará.

Outro efeito secundário do aquecimento dos oceanos é a alteração da salinidade do mar. Esta alteração na salinidade dos mares acontece principalmente pelo grande volume de água doce que vem aos mares das calotas e geleiras em derretimento também em decorrência do aumento da temperatura global.

Com relação a alteração da salinidade, uma das principais consequências é a mudança das correntes marítimas, tanto as de fundo quanto as de superfície, pois afetam diretamente a vida marinha por causa da redistribuição de nutrientes nos oceanos, e no que diz respeito às superfícies, poderão prejudicar a navegação, pois a navegação comercial utiliza estas correntes superficiais como “estradas marítimas”, trazendo economia de combustíveis para as embarcações, consequentemente menor valor de frete. 

A terceira ameaça aos oceanos, e a maior delas, é a ameaça a vida marinha pois afeta diretamente a maternidade dos grandes oceanos, os bancos de corais, é o aumento da acidez dos oceanos. Este aumento da acidez ocorre devido a reação entre o gás CO2 e as moléculas de água dos oceanos que ao reagirem formam o ácido carboxílico (H2CO3), este ácido, em meio acuoso, naturalmente libera dois íons H+ e um carbonato CO3 que, num meio com baixa concentração de íons positivos, se uniria a um átomo de cálcio formando CACO3, carbonato de cálcio, que é usado pelas espécies calcificadas (corais, crustáceos e moluscos) como tijolos na construção de suas estruturas calcificadas. 

Entretanto, como a concentração de H+ vem aumentando, ela está acabando por reagir tanto com as conchas e corais já formados, fragilizando e mesmo desfazendo estas estruturas; e, ainda pior, impedindo até mesmo que estes organismos possam usar o carbonato de cálcio, pois, com a alta concentração de H+, o carbonato formado após a liberação dos íons H+ acaba novamente se unindo a um H+ ao invés do CA, diminuindo assim a disponibilidade desse sal mineral essencial ao desenvolvimento desses seres vivos e subsequentemente a toda a sua cadeia alimentar.

Outra ameaça aos oceanos é o aumento no nível do mar e consequentemente o avanço das águas sobre a terra firme.

Este comportamento provocará muitas mudanças na economia das populações e nos ecossistemas costeiros, pois com a mudança dos habitats naturais das espécies marinhas, muitos animais já ameaçados de extinção terão dificuldades em se adaptar em um novo habitat ficando mais vulneráveis, mais suscetível a doenças, predadores e falta de recursos alimentares e logo sensivelmente em risco de extinção.